quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Reflexo


 Esta manhã acordei com a minha mãe a chamar-me, mas faltaram-me as forças para me levantar e erguer a cabeça para um novo dia. Lá fora, aquele sol de outono já brilhava e eu sentia-me, de alguma forma, incompleta. Pouco depois ela entrou no meu quarto e deu-me um beijo de despedida, dizendo «até logo», ao mesmo tempo que me sorria. Quando ela saiu, sentei-me sobre a cama, parei como se nada houvesse para fazer e, quando dei por mim, eram já horas de almoço mas fome era coisa que eu não tinha. 
                Enquanto andava pelas divisões da minha própria casa, sentia-me perdida sem noção do que eu tinha para fazer. Dirigi-me então ao espelho e vi tudo, menos eu própria. Aquela pessoa não era eu, não podia ser eu. Como é que eu alguma vez me pude deixar ir tão a baixo por causa de alguém? Como é possível uma pessoa fazer mudar outra por completo?
                Naquele espelho, era tudo nítido, menos eu.
                Estou cada vez mais confusa com as pessoas, com as coisas e com o mundo. Há instantes em que tudo parece fazer sentido. Instantes em que uma pessoa sorri porque boas memórias lhe invadem a mente; momentos em que o mundo parece um lugar melhor, mas não passam disso mesmo, instantes e momentos.
                Diante do espelho recordo tudo o que se passou entre nós: o primeiro dia e o nosso primeiro beijo. Lembro-me como tudo se encaixou de uma forma tão perfeita e natural. Lembro-me de sentir que os teus dedos tinham sido feitos para completar os meus… E os momentos seguintes, os dias contigo longe de tudo e todos. É como se ainda te sentisse a apertares-me contra ti com toda a tua força… Mas sei também que muita coisa ficou por dizer, pelo menos da minha parte. Há coisas que jamais pensei que pudessem acontecer, da forma que ambos fizemos suceder.
                Não quero que julgues que com isto me sinto arrependida, porque essa não é a verdade. Apenas tenho a consciência que tu e eu foi mais um erro cometido na minha vida, mas pela primeira vez, sei que quero repetir exactamente o mesmo erro vezes sem conta, pois és o único que me faz ter a certeza do que quero e que me faz realmente sentir bem, mas sem nunca esquecer que Somos um Erro, atrevo-me a dizer até, um Bom Erro…

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